Os jovens e as bibliotecas:

Foto: Cida Jurado Foto: Cida Jurado

Convidamos o Coletivo Escritureiros para falar sobre a experiência de abrir um espaço de leitura no extremo sul de São Paulo: As bibliotecas comunitárias, além de espaços de resistência e diálogos, são também o lugar de construir metáforas para vida, novos sonhos e romper com os rótulos pré-estabelecidos.

Lemos muito sobre o que é ser jovem, como nos comportamos, o que esperamos da sociedade e o que ela espera de nós. Estamos mais expostos à violência, ao desemprego e ao crime. Mal temos tempo para iniciar nossas vidas, pois temos que nos preocupar diariamente em como sobreviver. Vemos políticas públicas ineficazes que não essas questões com relevância  Mas, ao mesmo tempo, enquanto há um genocídio da juventude negra, também há resistência.

Segundo o Mapa da Desigualdade, uma pesquisa sobre disparidades sociais no distrito da Cidade de São Paulo, realizado pela Rede Nossa São Paulo em 2015, 37 bairros não têm acervos de livros infanto-juvenis e 36 não têm acervos de livros adultos.

Parelheiros, extremo sul da cidade e reconhecido como Polo de Ecoturismo, não está entre eles. A região conta com a Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura idealizada em julho de 2009 pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (Ibeac). Hoje ela é tocada pelos jovens Escritureiros – que atuam como gestores e mediadores de leitura e que dependem de editais públicos.

As bibliotecas comunitárias são lugares  para encontrar a si mesmo, de convergência e radiação das identidades da comunidade. Neste lugar cheio de livros, encontramos repertórios para ressignificar nossa trajetória. E a leitura no inspira a criar outros mundos e a conhecer nossa história.

No cenário atual de Parelheiros, a leitura é pouco vista e valorizada pelo poder público – tal como a subprefeitura. As matérias que saem sobre o acesso à leitura devem-se à biblioteca gestada por jovens. O interesse maior é dos parceiros que acreditam no poder da leitura e utilizam do livro como ferramenta. Ainda há necessidade de reconhecimento e de espaço voltados à leitura literária.

Os jovens Escritureiros, que atuam há 8 anos na região, promovem atividades de promoção à leitura através de editais públicos de fomento à leitura e à cultura. Proporcionam encontros com autores, acesso a livros de qualidade e total autonomia a outros jovens da comunidade.

Acreditamos que a leitura e a literatura são chave essencial para mudanças sociais e empoderamento da juventude. O Estado não investindo nisso só demostra o interesse de que as pessoas cresçam sem informação para que fiquem desinformadas e não discutam a realidade do país – e muito menos questionem sobre seus direitos.

Os Escritureiros integram a Rede LiteraSampa, que escreveu o projeto do PMLLLB (Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura, das Bibliotecas), com o objetivo de estabelecer políticas públicas para essa área e garantir que haja recursos para sua implementação.

Bem como, assegurar o acesso a livros e a inclusão de todos. Promover a integração entre escolas, bibliotecas e demais espaços. Fomentar a formação de mediadores. Valorizar a bibliodiversidade.

A juventude de Parelheiros leva isso a sério.

A Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura fica na rua Sachio Nakao, bairro de Colônia, Parelheiros. Fazem parte dos Escritureiros: Bel Santos Mayer, Vera Lion (coordenadoras), Valdirene Rocha (educadora), Bruninho Souza, Ketlin Santos, Sidineia Chagas e Silvani Chagas (articuladores).


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