Visita ao GAIA (Grupo de Apoio ao Indivíduo Autista)

Rafaela Nunes, Mãe Mobilizadora do Bairro Nova América (Parelheiros) e Flávia Kolchraiber, educadora e gestora de projeto do Ibeac, estiveram nos dias 17 e 18 de fevereiro em uma imersão no GAIA (Grupo de Apoio ao Indivíduo Autista).

 

Cuidar com excelência da primeira infância desde a barriga, das mães e de suas famílias fazem parte da missão das Mães Mobilizadoras, ação do Centro de Excelência em Primeira Infância, um projeto desenvolvido pelo Ibeac em parceria com o CPCD. Pensar na infância necessita olhar para suas múltiplas vivências, portanto, cuidar com excelência é olhar também para a diversidade humana. 

Rafaela Nunes, Mãe Mobilizadora do Bairro Nova América (Parelheiros) e Flávia Kolchraiber, educadora e gestora de projeto do Ibeac, estiveram nos dias 17 e 18 de fevereiro em uma imersão no GAIA (Grupo de Apoio ao Indivíduo Autista), onde puderam fazer trocas sobre suas vivências e experiências a respeito da primeira infância e da maternidade. 

Rafaela é mãe do Giovanni, um menino autista. Após sua imersão no GAIA, ela escreveu uma reflexão a respeito da vivência da maternidade e infância atípica. Confira esse emocionante depoimento a seguir. 

Cuidar de mim é cuidar de quem está ao meu redor: a maternidade e a infância atípica

“A maternidade, de fato, não é tarefa fácil. A maternidade atípica, por sua vez, duplica as reflexões sobre a infância, os cuidados e por fim a carga emocional que se adquire ao ter um filho. A infância atípica demanda mais do que cuidados. Ela precisa de toda uma rede para que possa desenvolver-se com qualidade.

Na foto, Rafaela e Giovanni brincam.

Quando o autismo surgiu na minha vida, antes mesmo do diagnóstico do Giovanni ser fechado, posso dizer o quão importante foi a minha rede de apoio. Amigas, professoras e familiares, cada um com a sua forma de demonstrar seu cuidado físico, dos conselhos e do simples espaço de escuta. Mais do que uma rede apoio, criou-se uma plataforma  que me deu suporte para compreender a morte, expectativas que eu tinha para meu filho e renascer a partir da perspectiva que eu tinha, não é possível decodificar em palavras todas as sensações que permearam esse processo, as vezes que chorei, as dúvidas , os medos a negação…

 

 

Por algum tempo pensei que, assim como eu, quantos/as estavam passando pelo mesmo processo, lutando contra a condição da impermanência que é viver trouxe e que, diferente de mim, não tem uma rede de apoio que favoreça a diminuição da sobrecarga emocional que ele tem que lidar no cotidiano, e por esse tempo que pensei pouco eu fiz que pudesse acalmar minha inquietação e ajudar outra mãe. Hoje, me vejo decidida a carregar comigo a responsabilidade de favorecer a troca de experiências entre as famílias de crianças com deficiência e compartilhar as minhas experiências para informar cada vez mais pessoas. 

O percurso até aqui não foi fácil e nem creio que daqui pra frente será, certeza eu só tenho que a troca, os afetos e os acalantos que vou encontrar pelo caminho me permitirá esperançando um futuro onde a deficiência não seja mais uma problemática e sim parte da nossa diversidade humana!” – Rafaela Nunes. 

Em março de 2020, as Mães Mobilizadoras receberão o GAIA em Parelheiros. O time Ibeac agradece a oportunidade, recepção e carinho.

 

 


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2 respostas para “Visita ao GAIA (Grupo de Apoio ao Indivíduo Autista)”

  1. Cida Jurado disse:

    As palavras da Rafa neste emocionante relato demonstra não só a maneira amorosa de conviver com o Giovanni, mas a disponibilidade para o aprendizado cotidiano, a disposição em inventar e reinventar, sem necessariamente buscar fórmulas pré determinadas. Fico emocionada em lembrar da menina grávida, tímida,participante do projeto “Comunidades de Vida” que se transformou nessa mulher com a força da mãe que ama e cuida

  2. Cida Jurado disse:

    As palavras da Rafa neste emocionante relato demonstram não só a maneira amorosa de conviver com o Giovanni, mas a disponibilidade para o aprendizado cotidiano, a disposição em inventar e reinventar, sem necessariamente buscar fórmulas pré determinadas. Fico emocionada em lembrar da menina grávida, tímida,participante do projeto “Comunidades de Vida” que se transformou nessa mulher com a força da mãe que ama e cuida