Dos dias 31/01 a 04/02, o grupo de agricultores Acolhendo em Parelheiros realizou uma visita técnica no projeto Acolhida na Colônia de Santa Catarina. Esses dois projetos têm muitos pontos em comum: o conceito de Turismo de Base Comunitária, a valorização do que lugar tem de melhor e a potência dos empreendedores locais.
Nessa experiência que durou uma semana vivenciando as aprendizagens, os desafios e alguns princípios como: o sentindo de pertencer, solidariedade, construção coletiva, importância da agroecologia e as possibilidades de encontro do campo com a cidade. O objetivo foi aprender boa práticas e multiplicar.
Vivenciar a prática foi importantíssimo para o grupo de Parelheiros que vive em um contexto complexo, uma área rural dentro de uma das maiores metrópoles do planeta, onde a desigualdade não é apenas um conceito, ela faz parte do cotidiano.
A visita proporcionou uma transformação. A de que é possível – apesar das dificuldades e com recursos próprios – desenvolver a propriedade, respeitando princípios, trabalhando em rede e pensado no bem coletivo.
Entrar nas propriedades dos agricultores do Acolhida na Colônia em Santa Catarina, foi a oportunidade de compreender que empreender é um processo também orgânico que exige tempo, organização e cooperação. Também que estes aspectos não são mecânicos.
Como disse Flávio, do Sítio Rei Arthur, uma das propriedades do Acolhida na Colônia: “Se for para nós fazermos coisas de forma mecânica na agonia da cidade, é melhor colocar o sonho em prática e ir morar no sítio. Queríamos nos livrar de duas coisas – não ter mais que ir ao supermercado e parar de comer coisas que não sabemos a procedência, ou seja, precisávamos ter nossa própria subsistência e de forma orgânica”.
Simplicidade foi um dos grandes aprendizados dessa visita de imersão. Simplicidade no seu sentindo mais sofisticado. Aquela que acolhe, cativa e faz emergir os sentimentos e memórias mais profundas. Engana-se quem acredita que qualidade de vida é sinônimo de cidade grande. Qualidade de vida tem muito mais a ver com pertencimento, de como fazendo parte de uma comunidade sou responsável pelas as transformações que acredito. Sentimento de pertencer e o desejo de transformação são um dos grandes elos que unem os projetos.
Dilma, do Sítio Mauerweck : “Aqui nós querermos mostrar a simplicidade! Mostrar que é possível viver com pouco, que com simplicidade é possível viver bem e comer comida boa”!
Para muitos, ouvir essas histórias e experienciar as práticas ajudou a refletir sobre a própria vida e como ela acontece em diversos contextos. Isso pode soar um tanto subjetivo, mas é essencial para a existência humana. Também podemos observar que as metodologias e tecnologias desenvolvidas não se restringem às propriedades. Elas tratam também da relação meio ambiente-indíviduo.
Dida da Pousada Vitória contou: “No início aqui era uma agricultura de subsistência. Um dia, resolvemos comprar um apiário de uma pessoa que processava o mel de uma forma que matava as abelhas. Passou um tempo e começou a história do turismo. Foi quando eu me encontrei na vida! Eu conversava com os turistas, ouvia as histórias, trocava experiências com eles! Eu percebo que muitos dos meus hóspedes precisam vir aqui na minha propriedade para recarregar as energias, para conseguirem tocar a vida na cidade Eu faço parte da Rede Eco Vida. Mas, eu queria ser livre! Eu não uso veneno por uma proposta de vida. Então, por que eu preciso provar que eu não uso? Isso é uma chatice! Eu sei o que e como eu produzo. Quem está produzindo de modo convencional, não precisa provar! Pode isso”?
Esta vivencia só foi possível pelo apoio dos parceiros SESC, British Council, Acolhida na Colonia, Agência Arariba e a Cooperapas.
Na bagagem de volta a Parelheiros, os agricultores do Acolhendo em Parelheiros trouxeram muitas aprendizagens e o desejo de impactar ainda mais suas comunidades.
A delicadeza e profundidade desse texto traduzem boa parte do que como está sendo a experiência de implementação coletiva desse projeto!